terça-feira, 24 de junho de 2008

Nada de novo


Eu odeio escrever na primeira pessoa! Porque de repente tudo fica tão pessoal, tão exposto, tão invasivo... E coisas que ficariam guardadas pelo prazer de cultivar o bom senso simplesmente desabrocham, e se expandem de forma tão avassaladora!
É como se não existisse uma coisa só a dizer, e de repente tudo está dito.... Mas sem foco.
É como se estivesse preso por tanto tempo e saísse sem controle, sem medo de tocar em feridas, sem medo de julgamentos, nem tão pouco de conseqüências.
Por vezes penso que escrever é como ter vontade de andar de mãos dadas: Nem sempre se diz o que se sente, só se mostra de maneira não muito clara que você precisa de um alguém que segure a sua mão e lhe faça acreditar que pelo menos parte do que há em você não está em total discordância com o universo.
E escrever nem sempre tem conclusão.
A gente escreve uma coisa qualquer, de maneira qualquer, pra recorrer a esse mecanismo de fuga que nem sempre é qualquer.
Vamos fazer uma ode a quem consegue se expressar claramente, a quem consegue compartilhar o abstrato sem desvalorizar o que já é concreto...
Vamos seguir sem foco pra não ficarmos presos à mediocridade de desejos...
Vamos ser um pouco de Renato Russo e tentar “fazer um filme”... Um pouco de Lenine e “juntar todas elas num só ser”... Um pouco de Camelo e “acreditar que a estrada vai além do que se vê”...
Vamos sair daqui sem olhar pra trás e só levar na bagagem o que agregar, porque o resto é excesso de peso e o cansaço já está por vir...
Vamos ser honestos e pronunciar o “não” se não quisermos ir... Ficar estáticos também é de nosso direito. Ou no fim das contas.... Voltar a falar em primeira pessoa e acreditar na solidão de estado de espírito.