
Eu quero ser uma fábrica de poemas;
Eu quero devanear sem ser chamada de lunática;
Eu quero admirar sem me limitar;
Eu quero ser consumidora de tempo ao meu modo.
Eu desejo ser comunicadora de harmonia;
Eu desejo esquecer as irrelevâncias;
Eu desejo acreditar no amanhã;
Eu desejo não ser observada.
Eu anseio fotografar para sentir a magia de paralisar o tempo;
Eu anseio conhecer o mundo e quebrar suas fronteiras;
Eu anseio dedilhar um instrumento de cordas e com ele musicar todos os momentos;
Eu anseio andar de mãos dadas com alguém que me ajude a seguir em diante.
Eu consigo escrever sem rimar e sem obedecer a métrica;
Eu consigo não atingir metas;
Eu consigo me desfazer de crenças;
Eu consigo olhar em volta e ver pessoas que estão cada vez mais presas ao mal da solidão e ainda assim vestem o manto da hipocrisia.
Entre almejar e alcançar existem abismos incomensuráveis, e nem sempre estamos preparados para lidar com frustrações e nos depararmos com um “não”. Só me restam mais desejos: que as nossas feridas parem de sangrar e jamais sejam reabertas, e que as cicatrizes nos tragam aprendizados que amenizem dores futuras.